Conhecemos Ricardo Mansur, nos bastidores da escola de cinema Darcy Ribeiro, seu entusiasmo e dedicação mostrou-nos uma pessoa focada tanto na arte do cinema como na música. Com ele, é sempre possível um bom papo carregado de referências filosóficas, poéticas e cotidianas. Foi com base nestes encontros breves, que decidimos enviar para ele uma entrevista no melhor estilo Cine Mosquito.
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Ricardo Mansur - Em busca de linguagem própria. |
Músico instrumentista, compositor, cantor, arranjador e produtor musical. Seu primeiro CD intitulado Terra de Índio foi finalista do prêmio Sharp em 1996 na categoria revelação. Desde então tem se dedicado à produção musical e realizou trabalhos com João de Aquino, Guto Goffi, Paulo Jobim, Osvaldo Montenegro, Arthur Maia entre outros. Foi diretor de áudio e trilhas da TV pública de Angola em 2002. Lançou em 2008 o grupo Mansur Samba Trio. Formado em direção cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro em 2012, lança agora o curta metragem "Quinto Andar" onde atua como roteirista, diretor e compositor da trilha sonora.
Confira entrevista exclusiva de Ricardo Mansur especialmente para o Cine Mosquito.
Cine Mosquito - Na tua percepção o que leva uma pessoa a se apaixonar por cinema?
Ricardo Mansur– Depende da pessoa. Algumas se apaixonam pelo glamour. Outras pelos atores e atrizes. Outras pela hipnose que o cinema pode provocar ao "contar" uma história. Eu me apaixonei pelo fato do cinema ser uma arte "sem gramática", sempre em invenção.
CM– Quais os filmes que fizeram a tua cabeça antes e depois de cursar a escola Darcy Ribeiro?
R M – Como é muito complicado citar alguns e se eu for honesto vou usar umas cinquenta linhas, vou citar os últimos filmes que me fizeram a cabeça: Bang-Bang, de Andrea Tonacci, O Trovador Qerib, de Sergei Parajanov, O Cavalo de Turim, de Bella Tar e Fausto, de Sokurov.
CM– Como é, pra você, a rotina de fazer um filme? Você tem algum “rictus” pessoal. Fale um pouco da experiência diretamente ligado ao set de filmagem.
RM -Minha experiência é pequena porque fiz apenas um filme como roteirista e diretor, mas eu procurei meditar e me concentrar antes das filmagens. Um diretor no set necessariamente precisa saber o que fazer, mesmo que não saiba exatamente. A equipe necessita da segurança do diretor para se sentir segura. Ao mesmo tempo o cinema que me interessa é um cinema que considera o acaso como um prêmio para o plano, logo, existe uma margem de incerteza desejável, ainda que a equipe não perceba isso, e talvez, seja bom que a equipe nem desconfie.
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Cena de "Quinto Andar", primeiro fime dirigido por Ricardo Mansur. Sua busca por originalidade e linguagem própria fica evidente. |
RM- No cinema a equipe é que faz o filme. O diretor propõe, mas o resultado depende muito da equipe. Buscar unidade sempre! Eu procurei cuidar das pessoas e lhes dar a atenção necessária para realizarem os seus respectivos trabalhos da melhor maneira. Bom humor e descontração é fundamental. Eu trabalho melhor quando estou alegre, ainda que esteja fazendo algo que é muito sério.
CM – O que você acha da famosa “retomada do cinema nacional”. Na tua percepção, o cinema nacional avançou nos últimos 10 anos?
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"Quinto Andar" um filme que prima por rigor técnico e cenografia criativa. |
CM –Faça a sua lista de filmes, que você recomenda para os leitores do blog CINE MOSQUITO.
RM - Já citei alguns na outra resposta e agora vou me permitir citar dois filmes que foram referência para a realização do Quinto Andar: La Jetté, de Chris Marker (é um curta metragem e tem no youtube) e Stalker, do Tarkovsky.
CM – Quem é Ricardo Mansur por Ricardo Mansur?
RM- Uma pessoa que procura não se auto-definir.
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